quarta-feira, julho 30, 2008

Melinda & Melinda

"Melinda & Melinda" foi um filme que ficou esquecido na minha lista de filmes a ver, nem sei por quê; Woody Allen sempre teve prioridade na minha agenda cinematográfica. Mas, acabou que assisti até "Match Point", o filme seguinte dele, antes.


Muito boa a idéia de mostrar como uma mesma situação, uma mesma premissa pode levar à criação de uma estória trágica e de uma estória cômica. Ainda que a vertente trágica mostrada não me tenha parecido tão trágica assim, e acabe ofuscada pela cômica, com diálogos muito mais interessantes, o resultado geral é bom, permitindo uma comparação bem eficiente.


Apesar da natureza metalingüística da premissa do filme, me pareceu bem acessível até para o público normal dos filmes do Allen.





terça-feira, julho 29, 2008

21

Muito comentado, celebrado. Adoro filmes de golpe. Este, supostamente baseado em fatos.


Pode ser exatamente aí que pegou. a vida, na maioria das vezes, não consegue ser tão fantástica como a imaginação de uns e outros que se metem a criar estórias para contar ao povo.


O golpe, baseado na matemática e na capacidade extraordinária dos estudantes em lidar com números, é interessante, mas não fantástico. O filme prende bem até o fim, Sturgess, Spacey e Fishburne competentes como sempre, tecnicamente legal, apesar da baixa qualidade de algumas imagens em CG.


Vale o ingresso, mas vai ser esquecido.



Eu quero acreditar?

Tenho todas as 9 temporadas de Arquivo X em casa. Difícil acreditar como um seriado que durou tanto conseguiu manter a qualidade, agradando aqueles que, como eu, acompanharam desde o início.


(Pule o próximo parágrafo se ainda não viu o filme)


O vídeo do cão com duas cabeças, supostamente resultado de experiências cirúrgicas na Rússia, é documento de uma idéia impressionante, ainda que provavelmente seja falso. Seria Re-animator materializado. Ótimo tema para um episódio de Arquivo X. O resultado, fantástico. É certamente um dos melhores episódios já produzidos. Mas há algum motivo para estar no cinema?


Não, não quero acreditar.


Por quê gastar US$ 30.000.000 em um episódio de seriado de TV, só para passar na tela grande? Um ótimo episódio, mas com essa grana talvez fosse possível produzir uma temporada inteira de um bom seriado.


A propósito, há uma segunda trama que, acho eu, devia levar Scully a questionar, ou refletir, sobre sua determinação (teimosia) em prosseguir o tratamento de um paciente, relevando os riscos, custos e esforços. Não sei se funcionou, e só consegui estabelecer a relação uns dias depois de ver o filme, tentando entender qual a função desta segunda trama no conjunto narrativo.


A relação Mulder x Scully é meio esquisita, principalmente as atitudes dela em relação à situação, muito diferente da postura dela no final da série.


Mais um longa para o cinema que fica devendo à série. Entretanto, repito, um excelente episódio. Pode esperar para ser visto em vídeo.



Instruções

Outro congresso, felizmente, em Brasília.


Os organizadores acharam bacana colocar umas máquinas de café espresso em regime faça-você-mesmo. Resultado, filas e mais filas para tomar um cafezinho. Na máquina, quatro botões; um deles sinalizado com uma seta vermelha onde se lê: CAFÉ. A senhora à minha frente exita por um momento. O dedo vacila entre os botões. Olha para os lados, como a pedir socorro. Antes que este venha, pressiona o botão. Não o que dizia café, mas o que, descobrimos em seguida, iniciava o processo de auto-limpeza do equipamento. Água quente por todo lado. Com um suspiro coletivo, alocamo-nos em outra fila...



segunda-feira, julho 28, 2008

Tony Spark

Já passou um tempão desde "Homem de Ferro". Abri este tópico, não escrevi nada, esqueci, o tempo passou, "O Cavaleiro das Trevas" estreou, e, certamente, ofuscou o alter ego metalizado de Tony Stark.


Mesmo assim, acho que preciso escrever alguma coisa sobre o Filme.


É muito bom quando vemos um filme adaptado de quadrinhos com a sensação de que os criadores envolvidos entenderam o "Espirito" do personagem. Heróis como Homem de Ferro já fazem parte de nossa "realidade", já tem uma posição estabelecida no nosso imaginário. Quando aparece um Tim Burton ou um Joel Schumacher e faz uma coisa muito diferente, que acaba por não dar muito certo.


É lógico que isso tudo que eu escrevi é de uma subjetividade sem fim, ou seja, há uma grande possibilidade de cada pessoa ter um visão diferente de um personagem, e, conseqüentemente, de gostar ou deixar de gostar de uma adaptação.


Voltando, antes que eu saia divagando infinitamente sobre subjetividade e cebolas de vidro.


"Homem de Ferro" é um filme de ação que tem 60% mostrando o processo de construção da armadura, dentro de uma caverna e de uma garagem. São apenas três seqüências de ação. Está longe de ser "lento" ou "parado".


Me toquei que tenho repetido sempre que o visual do filme é impressioante et cetera e tal para tudo quanto é filme que comento, então não vou dizer isso aqui. Mas que a armadura é impressionante, ah, isso é! (Stan Winston vai fazer falta...)


O grande trunfo: Tony Stark. Robert Downey Jr conseguiu conciliar a fanfarronice do personagem com o despertar da sua consciência, de uma forma arrebatadora. É perfeitamente aceitável e verossímil o fabricante de armas que acha que o ideal é ser respeitado e temido que se torna um super-herói com uma filosofia anti-armamentista. Gwyneth Paltrow e jeff Bridges também brilham como Pepper Potts e Obediah Stane, mas o filme é de Tony Stark. Um dos melhores filmes de super-herói de todos os tempos.


A propósito: Tony Spark é como um professor da Alessandra chamou o personagem, quando comentou o filme na sala de aula. Sabe tudo, o mestre!



Diário dos mortos

Antes de mais nada: adoro os filmes do Romero. "A noite dos mortos vivos" criou um gênero, é um marco na história do cinema; "Amanhecer dos mortos" consegue ser um filme podraço, com um bocado de crítica social ainda válido passados 30 anos. "Monkey shines" e "A metade negra" não são marcos, mas são filmes muito bons. "Terra dos mortos" conseguiu recuperar competentemente a série "mortos-vivos".


Agora, 'Diário dos mortos" é um fiasco sem tamanho.


Tentando entrar na onda bruxadeblaircloverfieldiana, o filme dá com os burros n'água.


Fui ver "Cloverfield" por insistência do Yuri, esperando ver um filmeco de monstro, boboca e cansativo como "Godzilla". Quebrei a cara. Apesar de quase não mostrar o monstro, "Cloverfield" tem personagens brilhantes, que agem como gente, que nos permitem identificar, ou mesmo imaginar, como seria nossa reação em uma situação semelhante. Quanto tomam decisões erradas que os levam a uma situação ruim, o fazem de uma maneira perfeitamente verossímil.


Nada disso acontece em "Diário dos mortos". Dizer que as reações do personagens são inverossímeis não dá idéia do que acontece no filme. Acho que não há reação. Não há emoção. Os personagens entram e saem das situações mais escalafobéticas, se vêem forçados a matar amigos e namorados, mas não demonstram qualquer impacto sobre suas personalidades, sobre sua integridade emocional. Além disso, é muito conveniente que a ação do filme acompanhe um grupo de estudantes de cinema que, além de ter à mão equipamente profissional de filmagem, que possibilita imagens limpinhas e nítidas, de excelente qualidade, sabem valorizar o enquadramento de cada cena.


No fim das contas, estava pouco me lixando para quem ia morrer, e como ia morrer, queria mais é que se explodissem todos para que o filme acabasse logo, o que impediu que o filme gerasse qualquer tensão.


Romero podia ter passado sem essa..



Rogue

Turistas na Austrália ficam presos na selva à mercê de um crocodilo gigante. Isso é filme que se assista?


Acho que foi no AICN que vi um comentário legal, que me levou a alugar "Wolfe Creek", do australiano McLean, filme do tipo "bando de pós adolescentes se perde na estrada e é perseguido por um maluco homicida", que já encheu o saco. Mas é diferente em vários aspectos, muito tenso, muito bem feito.


O tema "crocodilo gigante" já gerou coisas medonhas como os "Alligator", mas também coisas legais como "Primeval".


De uma estória besta, McLean conseguiu espremer um filme muito legal, com personagens muito parecidos com gente de verdade, com um nível absurdo de tensão, em cima de uma tema já muito desgastado, como tinha feito em "Wolfe Creek".


Acho que não passa no cinema, mas, se aparecer em video, não perca!


Em tempo: o crocodilão da Weta Workshop é simplesmente demais!



A Outra

Vi um comentário positivíssimo sobre esse filme no "Ain't it cool news", e fiquei muito interessado: um sítio que geralmente trata de filmes de gênero, elogiando um filme de época.



Contando estória de Anne Boleyn (Ana Bolena), o filme deslumbra. Misturando estória e ficção, mostra como as irmãs Anne e Mary se prestaram a "servir à família", tornando-se amantes de Henry VIII, relação que mudou a história da Inglaterra, catalisando inclusive o rompimento com a Igreja Católica e a conseqüente criação da Igreja Anglicana. A trajetória das meninas, partindo da inocência absoluta e mergulhando na podridão da corte, infestada por corrupção desmedida e incontáveis conspirações é mostrada magistramente no filme.



Segundo o AICN é uma produção independente, de orçamento relativamente baixo. Se for isso mesmo (o Filme tem apoio da BBC), não se percebe nenhuma deficiência de granomática: a época é representada com um nível satisfatório de realismo.



Fico na dúvida também sobre o quão independente é um filme com Scarlet Johansson e Natalie Portman nos papéis principais.



Mas, ainda que tenha sido levado ao filme pelos motivos errados, valeu a pena.



Em tempo, para quem ainda não viu os filmes sobre Elizabeth I, esse vale como introdução.



Será que a expressão "orelhas de abano" veio de "Orelhas de Bana"?