segunda-feira, julho 28, 2008

Diário dos mortos

Antes de mais nada: adoro os filmes do Romero. "A noite dos mortos vivos" criou um gênero, é um marco na história do cinema; "Amanhecer dos mortos" consegue ser um filme podraço, com um bocado de crítica social ainda válido passados 30 anos. "Monkey shines" e "A metade negra" não são marcos, mas são filmes muito bons. "Terra dos mortos" conseguiu recuperar competentemente a série "mortos-vivos".


Agora, 'Diário dos mortos" é um fiasco sem tamanho.


Tentando entrar na onda bruxadeblaircloverfieldiana, o filme dá com os burros n'água.


Fui ver "Cloverfield" por insistência do Yuri, esperando ver um filmeco de monstro, boboca e cansativo como "Godzilla". Quebrei a cara. Apesar de quase não mostrar o monstro, "Cloverfield" tem personagens brilhantes, que agem como gente, que nos permitem identificar, ou mesmo imaginar, como seria nossa reação em uma situação semelhante. Quanto tomam decisões erradas que os levam a uma situação ruim, o fazem de uma maneira perfeitamente verossímil.


Nada disso acontece em "Diário dos mortos". Dizer que as reações do personagens são inverossímeis não dá idéia do que acontece no filme. Acho que não há reação. Não há emoção. Os personagens entram e saem das situações mais escalafobéticas, se vêem forçados a matar amigos e namorados, mas não demonstram qualquer impacto sobre suas personalidades, sobre sua integridade emocional. Além disso, é muito conveniente que a ação do filme acompanhe um grupo de estudantes de cinema que, além de ter à mão equipamente profissional de filmagem, que possibilita imagens limpinhas e nítidas, de excelente qualidade, sabem valorizar o enquadramento de cada cena.


No fim das contas, estava pouco me lixando para quem ia morrer, e como ia morrer, queria mais é que se explodissem todos para que o filme acabasse logo, o que impediu que o filme gerasse qualquer tensão.


Romero podia ter passado sem essa..



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