segunda-feira, março 19, 2007

O homem duplo

Philip K. Dick escreveu uma pá de estórias supimpa. No entanto, muitas delas tratam, na essência de um mesmo tema: conflito de identidade. Seja o policial que não tem certeza se é humano, em "Do androids dream of electric sheep", seja o policial que não sabe se é o criminoso em "Minority Report", seja o cientista às voltas com seu clone em "The impostor", e a lista vai longe.
"O homem duplo" não foge ao esquema, com o policial disfarçado que recebe a missão de investigar o personagem que criou ao se integrar a uma quadrilha de criminosos. A adaptação para o cinema, pelas mãos de Richard Linklater é bem esquisita. Retornando ao visual pseudo-animação já utilizado em "Waking life", à primeira vista a esquisitice é flagrante. Segue com uma estória de ficção científica em um cenário absolutamente contemporâneo. Por fim, recheia o filme com diálogos completamente descabidos, mas que nem por isso deixam de ser absolutamente brilalhantes (a conclusão conspiratória a que chega o grupo, partindo da compra de uma bicicleta de 18 marchas usada por U$ 50 é uma pérola do nonsense).
Linklater é um cara esquisito. Ter no currículo filmes tão diferentes como "Antes do amanhecer" (talvez o filminho romântico mais legal da história), "Waking life" (chato de doer), "Escola de rock" e este "O homem duplo", merece crédito. Afinal, de diretores que ganham a vida fazendo o mesmo filme há milênios, já basta.

2 comentários:

Eduardo Davis disse...

Eu acabei de ler o O Homem do Castelo Alto. Bem interessante, mas dava pra explorar muito melhor o tema. Não sei se identifiquei um conflito de identidade nos personagens do livro - talvez um problema de identidade geral com a confusão da ocupação dos EUA. Alemão querendo ser japa, japa querendo ser americano e americano querendo ser Alemão...pra ganhar o Big Brother...

drews disse...

Quando eu li "o homem do castelo alto" achei o livro mais difente do Dick. Também achei o final meio apressado e mal explicado, além de meio semelhante a "Identidade perdida". Ainda assim, o cara tá entre meus autores favoritos.!