segunda-feira, abril 02, 2007

300

E já começaram a malhar "300".
A principal crítica é a de que o filme vem, em um momento político delicado, apontar a ameaça vinda do Oriente, na figura de Xerxes e o império Persa, sendo a Pérsia antepassada do Irã. Será? O que o filme mostra é um império com valores decadentes que usa de sua força superior para subjugar o resto do mundo. Será que essa imagem se identifica com o Irã ou com qualquer outra nação oriental? Acho que é forçar a barra. Inclusive, a possibilidade da interpretação inversa é grande!
Outra: "o filme não é fiel à história". Nem de longe a proposta de "300" é a de ser um documento histórico. "300" é antes uma estória sobre honra, integridade de valores, honestidade, sacrifício... até pelas opções estéticas, o filme está longe de ser um retrato do que quer que seja, com cores e cenários completamente falsos. Ademais, nem Heródoto de Halicarnasso foi fiel aos fatos, quando de seu relato sobre a batalha das Termópilas, o "documento histórico" que trouxe o fato até a nossa era.
Além de seguir a linha "Sin City" de adaptação de quadrinhos para o cinema, reproduzindo fielmente o visual do quadrinho, até nas cores, "300" foge do padrão Americano de cinema, contando a estória de uma derrota absoluta, numa operação suicida, ou seja, conta a estória dos derrotados; heróis sim, mas derrotados cruelmente. Porém, demonstra que a derrota em questão serve a um propósito maior, mesmo que sem a garantia de que a ação estaria inserida em um contexto maior: Leônidas não tinha nenhuma garantia de que a Grécia iria dar seqüência ao combate aos Persas. Ainda, é uma estória que praticamente ignora valores individuais: o que importa é a ação do grupo; juntos eles são fortes, mas individualmente são irrelevantes.
O quadrinho do Frank Miller me emocionou muito, à época, e, portanto, sou definitivamente parcial na minha avaliação. Ainda assim, insisto que o filme deve ser visto, a despeito das críticas.

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Um comentário:

Saló disse...

O filme é imperdível! Sempre tem de ter alguém para inventar uma conspiração...A Pérsia retratada inclusive é pré-islâmica e por conseguinte reoudiada pelo atual regime dos Aiatolás!